quarta-feira, 15 de março de 2017

Minha experiência com o SUS e a Defensoria Pública!

 Olá lindinhas!😍❤

  Eu já havia comentado com vocês sobre a internação do meu sogro e como eu acabei aprendendo "na marra" algumas coisas sobre o SUS e Defensoria Pública, e eu vou tentar dar umas dicas pra vocês. Coisas que se eu soubesse antes teria agido de forma diferente!
  Meu sogro chegou à Upa de Engenho de Dentro por volta das 5h da manhã, a Upa estava vazia e o atendimento e diagnóstico foi super rápido e eficiente. Após os primeiros socorros, ele foi levado para a Sala Vermelha (É um lugar na Upa que tem cuidados mais intensivos). Depois de umas 3h ele foi levado para a Sala Amarela, onde o paciente pode ficar com um acompanhante e ondeaguardar a recuperação ou a transferência, caso necessite de uma cirurgia ou exames invasivos, no caso do meu sogro o cateterismo.
Aí que começa a nossa saga para conseguir uma transferência e é aí que você pode usar as dicas para agilizar o processo!

 O SUS funciona com duas listas: o SISREG e o SER. O SISREG é o Sistema Nacional de Regulação, fazendo a regulação de vagas onde a origem do atendimento foi uma Upa, Clínica da 

Família ou Postos de Saúde ( é ligado à prefeitura). O SER é o Sistema Estadual de Regulação é ligado ao Estado e transfere pacientes para hospitais Municipais, Estaduais e da União. Aqui no RJ, eles unificaram essa fila de Regulação, mas na prática isso não ocorreu nessa reportagem aqui o Secretário fala sobre fazer essa unificação sair do papel a partir de fevereiro de 2017. (Mas como vi na prática ainda não aconteceu pois ainda há duas filas). E meu sogro estava nas duas e diariamente o estado do paciente é atualizado, fazendo com que casos mais graves tenham prioridade.
  O problema é que sabemos que nem o Estado e nem o Município dá conta da demanda de urgência.  Aí entra a Defensoria Pública, que foi algo que fez toda a diferença no tratamento do meu sogro.
Você sabia que pode entrar com uma liminar pedindo a transferência em 24h para um Hospital Público e que se em 24h essa vaga não surgir o Estado paga os custos de um Hospital particular de médio porte? (foi indicado um de médio porte pelo fato dos de grande porte terem uma maior dificuldade em encontrar vagas).

Como isso funciona?

 A Upa possui uma assistente social, ela é a pessoa que te dará os documentos para serem levados à Defensoria. No nosso caso ela deu o endereço da Defensoria aqui do Rio de Janeiro um outro documento contendo informações sobre o paciente. Eles te mandarão ir sem o laudo médico, mas insista pois isso agiliza e muito o processo de transferência!
 Munido de documento de identidade, carteira de trabalho, comprovante de residência (seu e do paciente), laudo médico indicando risco de morte (com a data do dia em que você for no Plantão Judiciário) e os dados do paciente (entregues pela assistente social).
 Meu esposo foi até Plantão Judiciário noturno, que funciona no Foro Central da Comarca da Capital, com entrada pela Rua Dom Manuel, Centro - Rio de Janeiro, das 18h às 11h.
 Logo pela manhã recebemos a notícia maravilhosa da transferência dele para UTI Coronariana do Hospital Miguel Couto. 
 Nessa segunda feira ele fez um cateterismo e foram colocados 2 stents. Hoje ele está na enfermaria e acreditamos que a alta ocorrerá em breve!



Para assuntos relacionados a falta de medicamentos ou coisas do tipo, é preciso fazer uma triagem pelo telefone 129 (atendimento ao cidadão RJ). Após essa triagem você pode comparecer no endereço Rua São José, 35, 13º andar e dar continuidade ao processo.


Pra terminar um resumão das várias áreas que a Defensoria Pública atende:



  • FAMÍLIA, por exemplo: pensão alimentícia, separação, divórcio, união estável, regulamentação de visitas, investigação de paternidade (DNA), tutela, curatela, guarda de menores, adoção, etc.
     
  • CÍVEL, por exemplo: problemas com vizinhos, regularização de imóveis, condomínios, aluguel, despejo, defesa do consumidor, indenizações, problemas de posse, inventários, alvarás, etc.
     
  • CRIMINAL: defesa dos acusados em processo criminal e acompanhamento do cumprimento da pena de quem foi condenado. Lembre-se que no atendimento na área criminal, por força do princípio Constitucional da Ampla Defesa, qualquer pessoa poderá ter sua defesa patrocinada pela Defensoria Pública, e, em caso de réus com posses, poderá o Juiz fixar honorários em favor do Centro de Estudos Jurídicos da Defensoria Pública. 
     
  • FAZENDA PÚBLICA, por exemplo: fornecimento de medicamentos, de educação, indenizações contra o estado ou município, problemas com concursos públicos do estado e do município, Previdência Social do 
  • estado ou do município, multas, DETRAN, problemas com cobrança de impostos e taxas, etc.


Fontes: Site da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro e experiência própria.

Mil beijos cheios de corticóides 😘 ❤ 



quinta-feira, 2 de março de 2017

Fibromialgia


Fibromialgia: os desafios de uma doença invisível




 Apesar de não ser identificada em exames laboratoriais, a forte dor pode prejudicar muito a rotina das pessoas. Principal tratamento é com a prática de exercícios físicos regulares

 Sentir dores intensas por todo o corpo e ainda lidar com a desconfiança de quem não entende os sintomas. O duplo desafio é constantemente narrado entre pessoas diagnosticadas com fibromialgia, uma dor crônica caracterizada por se disseminar por várias partes do corpo e provocar fadiga, distúrbios de sono e episódios depressivos.
“No começo é bem difícil de você mesmo aceitar a doença, e também é ruim porque as pessoas acham que você está fazendo corpo mole”, descreve o servidor público e músico Hélvio Sodré, de 33 anos, 10 deles debaixo do diagnóstico da fibromialgia.
Por ser silenciosa, não detectável em exames laboratoriais e não causar qualquer transformação externa na pessoa, muitas vezes a fibromialgia é vista como um transtorno apenas psicológico. “Como boa parte dos pacientes sofre muito porque tem dor crônica, eles acabam sendo imputados como doentes psicológicos, o que não é verdade. Eles sentem dor mesmo”, reforça o reumatologista e coordenador da Comissão de Dor, Fibromialgia e outras Síndromes de Partes Moles, da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), José Eduardo Martinez.
Apesar de nem todos os pacientes com fibromialgia apresentarem depressão, o médico destaca a existência de uma relação entre as doenças. “A dor crônica leva à depressão e a depressão leva à dor crônica. Hoje a gente considera a depressão como fator agravante de quem tem fibromialgia”, explica o reumatologista.
 A origem da doença ainda não é totalmente conhecida. Contudo, já foi constatado que os fibromiálgicos apresentam alterações no sistema nervoso para o controle da dor. “A predisposição genética é uma das possíveis explicações, mas também há uma relação com estresse. Pacientes que têm uma vida em que foram submetidos a um número maior de fatores estressores têm tendência a ter mais dor”, argumenta José Eduardo.
No caso de Hélvio, as dores começaram embaixo da escápula esquerda. “Começou do nada, até i

maginei que fosse uma dor muscular por ter dormido de mau jeito. Tentei fazer fisioterapia,
massagem, acupuntura, mas não passava, e ela começou a irradiar para outros lugares no corpo”,
relembra.
 “Normalmente existem dois caminhos que levam as pessoas a ter dor no corpo”, avalia José Eduardo. “Ou a pessoa já tem alguma doença que gera dor, como um problema de ombro, ou uma doença reumática, e na não resolução dessa dor localizada, ela acaba, ao longo do tempo, se generalizando. Outro caminho é o estresse crônico, que leva a tensão muscular, que gera dores musculares, o que acaba culminando em uma dor fora de controle e generalizada”, aponta.
De acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Dor Crônica, do Ministério da Saúde, dados norte-americanos mostram que 31% da população têm alguma dor crônica, acarretando incapacidade total ou parcial em 75% dos casos. A fibromialgia acomete mais as mulheres na faixa etária de 30 a 55 anos, mas existem alguns casos em pessoas mais velhas, crianças e adolescentes. Por isso, a sociedade alerta para a importância de os pais observarem sintomas como dor desproporcional a lesões ou excesso de fadiga. A SBR calcula que, no Brasil, a doença afete cerca de 3% da população.

Diagnóstico e tratamento


 Com a dor persistente, Hélvio Sodré procurou um reumatologista. Por meio de um exame em que o paciente deve manifestar dor em ao menos 11 dos 18 locais esperados de pontos musculares dolorosos, e a partir da exclusão de outras condições clínicas, como doenças reumáticas e distúrbios primários do sono, finalmente ele acabou diagnosticado com a fibromialgia.

 “Tive muitos problemas no trabalho, precisei entrar com licenças médicas. Isso é muito ruim no seu processo de vencer as crises, mas o primeiro passo é entender que você tem essa condição e que é possível ter qualidade de vida mesmo com a doença”, opina Hélvio. Para ele, a melhor saída encontrada foi por meio da prática de exercícios físicos – a principal recomendação médica para o tratamento da fibromialgia.

 O desafio era, então, encontrar um exercício que aliasse prazer à melhora no quadro de saúde. “No início eu deixava um pouco de lado, aí a minha saúde oscilava muito”, admite o servidor público, que chegou a fazer natação, musculação e exercícios aeróbicos na academia, antes de descobrir uma atividade de que realmente gostava. “Desde 2010 eu acompanhava canais de lutas. Sempre tive um fascínio muito grande, mas não me julgava em condições de praticar, me achava limitado pela fibromialgia”, conta.

 Só depois de ganhar mais confiança e força muscular na musculação, Hélvio resolveu se aventurar em uma aula de muay thai. “Decidi ir no meu ritmo. Expliquei a minha condição para o professor e ele falou que tinha outros alunos com fibromialgia e que conseguiram um bom resultado. Comecei devagar, fui conhecendo os limites do meu corpo e ganhando segurança”, relembra. “Foi bom para a minha autoestima, saber que a doença não me limita a praticar o esporte”, afirma.


 “Sem dúvida praticar exercícios físicos é a intervenção mais importante e mais efetiva que a

literatura mostrou no tratamento da fibromialgia. É importante e efetiva porque o exercício físico diminui a dor, melhora a depressão, a ansiedade, o sono e a fadiga, que são componentes importantíssimos da fibromialgia”, destaca o reumatologista da SBR. “O paciente com fibromialgia tem que começar com uma atividade leve e progredir lentamente”, reforça.


Em relação a medicamentos, o PCDT de dores crônicas indica o uso de relaxantes musculares apenas
por curtos períodos de tempo, em casos de dor aguda, sendo desaconselhado o uso contínuo. Em  geral, a doença é tratada com o uso de antidepressivos. Além disso, com a publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, foram institucionalizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) a homeopatia, as plantas medicinais e fitoterápicos, a medicina tradicional chinesa/acupuntura, a medicina antroposófica e o termalismo social-crenoterapia. Essas terapias, associadas aos tratamentos convencionais, ajudam a minimizar os efeitos colaterais, trazendo maior qualidade de vida ao paciente durante o tratamento e ajudando-o a apresentar resultados positivos.

 A estratégia para o tratamento ideal da dor crônica é uma abordagem multidisciplinar com a combinação de modalidades de tratamentos não farmacológico e farmacológico. O tratamento deve ser elaborado, em discussão com o paciente, de acordo com a intensidade da sua dor, funcionalidade e suas características, sendo importante também levar em consideração as questões biopsicossociais e culturais. A dor crônica é um estado de saúde persistente que modifica a vida. O objetivo do seu tratamento é o controle, e não a eliminação.
A Coordenação-Geral de Atenção Especializada do Ministério da Saúde realizou um levantamento no ano passado, junto aos estados que possuem hospitais habilitados em oncologia, e localizou 13 estados (AC, AL, BA, ES, MA, MG, MT, RO, RR, RS, SC, SP e TO) com centros da dor que atendem pelo SUS. Dos 27 estados, somente o Amazonas e o Piauí não contam com centros da dor
pelo SUS ou privado.

 A Sociedade Brasileira de Reumatologia disponibiliza uma cartilha com informações sobre a fibromialgia. Para fazer o download, Clique aqui

Assista a reportagem no YouTube clicando Aqui

Ana Cláudia Felizola, para o Blog da Saúde